Diagnóstico da Situação dos Stakeholders e Cadeias de Valor do Coração do Cerrado

Situação Geral

Ao se percorrer presencialmente, e observar, analisar, conversar, e perceber as nuanças e características de uma região que quer se tornar uma unidade regional de desenvolvimento — o Coração do Cerrado — é possível perceber oportunidades que ainda não foram completamente percebidas pelos próprios atores locais.

É possível realizar uma fotografia panorâmica geral e perceber como as ações e negócios que se circunscrevem a um município podem ser dinamizadas em colaboração com os demais municípios.

Como mostram os dados econômicos, a dinâmica econômica do Coração do Cerrado é concentrada nos serviços de Monte Carmelo, e no agronegócio de Coromandel, Nova Ponte e Monte Carmelo. Ainda produção de Café de Monte Carmelo, é forte impulsionadora do setor de serviços desta cidade.

Outras atividades econômicas importantes, como a Usina Hidrelétrica de Nova Ponte e as florestas de eucalipto para a LD celulose são fortes geradoras de valor adicionado, mas são, de certa forma, isoladas da dinâmica econômica e setorial da região.

Os centros dinamizadores da região, Monte Carmelo e Coromandel são os locais onde as ações de desenvolvimento das cadeias de valor do Coração do Cerrado devem ser mais realizadas, contudo, é imprescindível que não se exclua ações nas outras cidades.

Existem experiências importantes acontecendo nas cidades menores, como, por exemplo, i.) a atuação primorosa da Cooplim, em Iraí de Minas, que resulta na maior produtividade de produção de leite da região, ii.) As ações da prefeitura de Cascalho Rico que produziram uma horta comunitária em que a população de baixa renda troca alimentos por fertilizantes produzidos no programa de compostagem da prefeitura, iii.) a produção de orgânicos em Grupiara que são totalmente rastreáveis e produzidos com a melhor tecnologia de plantio, por uma cidadã de Grupiara que é engenheira florestal e doutora em fitopatologia pela UnB.

Estes são apenas alguns exemplos de ações, negócios e experiências importantes acontecendo nas cidades menores que podem ser integradas às cidades maiores, e que podem impulsionar iniciativas de desenvolvimento do Coração do Cerrado. Como por exemplo, o known-how de desenvolvimento de cooperados da Cooplim pode ser compartilhado com demais produtores de leite da região, as iniciativas de cada prefeitura podem ser compartilhadas entre as outras; além de a cooperação de uma doutora local com as outras lavouras da região em conjunto com as universidades, pode ser capaz de gerar novas soluções para as cadeias de valor locais.

A integração entre os atores e as cidades é o principal esforço que resultará no desenvolvimento para o Coração do Cerrado — sua verdadeira força será tão maior, quanto maior for a integração entre as cidades, os seus stakeholders, suas cadeias de valor, e sua população.

Como o Coração do Cerrado é uma iniciativa nova na região, é normal que essa integração ainda não esteja internalizada e projetada nos atores locais, não obstante o grande esforço da Associação do Coração do Cerrado em trazer a região para uma identidade regional.

Essa integração, que precisa de um tempo de maturação, pode ser melhor realizada a partir de duas diretrizes principais: 1. Integração real das ações entre as cidades e atores do Coração do Cerrado — As cidades polos convidam as cidades menores para participar, e em troca, apoiam ações das cidades menores. Como em qualquer grupo de pessoas, é necessário haver confiança e apoio mútuo. O interesse da Associação do Coração do Cerrado nos anseios e iniciativas das menores cidades, trazem todas as cidades para o mesmo grupo, e para o mesmo lugar. Cria pertencimento. 2. Fortalecimento da identidade e da marca do Coração do Cerrado — uma marca forte do território, que estampa seus produtos, sua história, sua cultura e sua região, é primordial para que o Coração do Cerrado se torne um símbolo de identificação de todos os seus habitantes, estando estes dentro, ou fora do território do Coração do Cerrado. Esta marca forte é fruto de ações de fortalecimento e divulgação da marca, mas é totalmente dependente do processo de integração. Não há marca forte se não houver integração entre os atores locais. — O ideal, em termos do sucesso das iniciativas do Coração do Cerrado, é de que cada habitante da região se identifique como morador da região do Coração do Cerrado.   Essa integração, que precisa de um tempo de maturação, pode ser melhor realizada a partir de duas diretrizes principais:

  1. Integração real das ações entre as cidades e atores do Coração do Cerrado — As cidades polos convidam as cidades menores para participar, e em troca, apoiam ações das cidades menores. Como em qualquer grupo de pessoas, é necessário haver confiança e apoio mútuo. O interesse da Associação do Coração do Cerrado nos anseios e iniciativas das menores cidades, trazem todas as cidades para o mesmo grupo, e para o mesmo lugar. Cria pertencimento.
  2. Fortalecimento da identidade e da marca do Coração do Cerrado — uma marca forte do território, que estampa seus produtos, sua história, sua cultura e sua região, é primordial para que o Coração do Cerrado se torne um símbolo de identificação de todos os seus habitantes, estando estes dentro, ou fora do território do Coração do Cerrado. Esta marca forte é fruto de ações de fortalecimento e divulgação da marca, mas é totalmente dependente do processo de integração. Não há marca forte se não houver integração entre os atores locais. — O ideal, em termos do sucesso das iniciativas do Coração do Cerrado, é de que cada habitante da região se identifique como morador da região do Coração do Cerrado.

Ações que busquem integração das iniciativas locais, e a construção da imagem símbolo do Coração do Cerrado serão realizadas nos workshops de revisão do Planejamento Estratégico, em 2 e 3 de fevereiro de 2022. E o ideal é que esse ações com este objetivo perdure em toda a governação e atuação do Coração do Cerrado.

Diagnóstico da Cadeia de Valor do Café

A cadeia de valor da produção de café do Coração do Cerrado, que tem como pólo a cidade de Monte Carmelo e as ações da cooperativa monteCCer, é a cadeia de valor mais desenvolvida da região. Este maior desenvolvimento acontece tanto a nível do adensamento da cadeia produtiva, quanto no nível de capacidades produtivas desta cadeia.

Boa parte dos cafeicultores são certificados pela Rain Forest Alliance, selo mundial de sustentabilidade da produção cafeeira. Esta certificação coloca os produtores de café certificados em linha com a melhor cafeicultura mundial.

Adicionalmente, a A monteCCer realizou o primeiro embarque de café carbono neutro do país, no esforço de seu trabalho de estar proporcionando para o mercado cafés diferenciados, que tenham maior valor agregado. O embarque foi realizado com um prêmio de R$ 100, por saca. A vantagem do café neutro em carbono é poder reduzir a emissão de gazes do efeito estufa na ponta. Esta modalidade de café neutro em carbono significa um bom desenvolvimento das capacidades produtivas da região.

O conjunto da certificação Rain Forest Alliance, o primeiro embarque de carbono neutro do Brasil, e outras ações da monteCCer demonstram que a produção de café de Monte Carmelo e do Coração do Cerrado está em consonância ao que há de melhor no mundo no setor cafeeiro. — Isto é muito relevante, pois, mostra uma vocação natural da região pela vanguarda.

O fato de as pessoas da região, através do trabalho de desenvolvimento de um setor, o cafeeiro, ter alcançando um nível de excelência, demonstra o que é possível ser alcançando nos outros setores.

Contudo, apesar dos fortes desenvolvimentos da região no café, ainda há muitos problemas a serem superados.

Nas entrevistas com os cafeicultores, os problemas principais listados foram:

  • Mudanças climáticas – muito calor e muito frio, com a presença de geadas. Este é um problema importante, pois houve pouca frutificação do café, o que diminuirá consideravelmente a produção para o ano que vem. — Este é um desafio que precisa ser muito bem endereçado. Havendo um recrudescimento das mudanças climáticas, a própria atividade do café pode ser comprometida.
    • É necessário um estudo maior do microclima da região do Coração do Cerrado, e como a produção do café pode se adaptar e desenvolver resposta da lavoura para mitigar os efeitos as mudanças climáticas.
  • Água e irrigação — ainda não se tem uma técnica exata para a irrigação do café do cerrado. Além dos grandes desafios de captação de água em épocas de secas, existe o desafio de como de se fazer a irrigação. A modalidade de gotejamento é uma técnica aprimorada, mas ainda não é uma técnica ótima. Ainda não se tem uma técnica de irrigação que possa ser considerada ótima para o café do cerrado.
  • Qualidade e disponibilidade da mão-de-obra – é necessária uma melhor qualificação dos funcionários do café para operação das máquinas e tecnologia aplicada na lavoura. Em alguns lugares, há dificuldade de se contratar mão-de-obra mais braçal, como na fazenda Santa Bárbara.
  • Custo de produção e disponibilidade dos insumos agrícolas. Com a escassez mundial de insumos ocasionada pela pandemia, houve alto custo do valor de produção da lavoura de café. Isto trouxe imprevisibilidade para o setor, com o aumento constante do preço de insumos, e da incerteza quanto a disponibilidade ou não destes. Essa incerteza da escalada dos custos não é compensada pelo aumento do preço da saca do café visto em 2021. O aumento do preço de venda da saca é defasado do aumento do preço dos insumos. Segundo os produtores, era preferível quando o preço de venda da saca do café estava em R$ 700,00 com controle de custos e margens, do que agora, em que o preço da saca está em R$ 1.400,00, mas com imprevisibilidade de margens e do retorno financeiro da produção.

Apesar destes desafios, há oportunidades intereimportantes para serem exploradas:

  1. Aprimoramento dos esforços de crédito de carbono para a produção cafeeira.
  2. Aprofundamento das questões de ESG para a lavoura do café, e como a adequação à estas questões de ESG podem trazer mais retornos para os cafeicultores.
  3. Construção de um esforço entre o sistema local de inovação do Coração do Cerrado e os cafeicultores para impulsionar a produção de café da região.
  4. Pesquisa de usos de insumos e produtividade no café, buscando diminuir o custo da produção.
  5. Aprimoramento do uso e preservação da água local, e aprimoramento das técnicas de irrigação para o café do cerrado.
A maior oportunidade de desenvolvimento do sistema local de inovação está na interação entre as universidades locais, os produtores de café, os fornecedores locais do café, e empresas de fora do Coração do Cerrado que estão trazendo inovações na lavoura — para juntos, pensarem e construírem soluções para os problemas locais do café.

Essa interação pode adensar ainda mais a cadeia produtiva local, desenvolver as empresas locais fornecedoras de café, e gerar empregos de melhor qualidade e renda para os moradores da região.

Uma grande questão apontada nas entrevistas é o distanciamento do setor cafeeiro do restante da sociedade na região. O convite e conseguinte participação do setor cafeeiro local no sistema local de inovação pode realizar esta aproximação, fundamental para o desenvolvimento econômico-social da região.

Diagnóstico da Cadeia de Valor da Pecuária Leiteira

A pecuária leiteira é importante fonte de renda para várias famílias da região. Há uma forte diversidade do tamanho da produção de leite, que vão desde pequenos a grandes produtores.

Dados da Cooplim mostram 68 produtores de leite da região do Coração do Cerrado cooperados nesta cooperativa, com uma média de litros tirados diários por produtor de 616 litros. Contudo, o intervalo do tamanho da produção para produtores é muito grande: A menor produção de leite diária de um produtor cooperado da Cooplim foi de 20 litros / dia. Já a maior produção foi de 21.463 litros / dia. A segunda menor produção é de 33 litros / dia, e a segunda maior, 2.272 litros / dia. Retirando os produtores de maior e menor produção, a média de litros / dia por produtor é de 310 litros, com um desvio padrão 398 litros / dia. Isso mostra a alta variabilidade entre as capacidades de produção local.

Tomamos aqui os dados da Cooplim como uma proxy dos dados individuais da produção leiteira do Coração do Cerrado.

A Cooplim vem realizando um forte trabalho de melhoria da produção de leite para os seus cooperados, o que vem realizando o crescimento de alguns destes. A experiência da Cooplim pode ser compartilhada com outras cooperativas da região, capacitando melhor os pequenos produtores, para que estes possam desenvolver sua produção, e melhorarem a sua qualidade de vida.

Paulo Cardoso e João Batista, que estão à frente da Cooplim são fortes entusiastas do programa LIDER, o que pode agregar em um compartilhamento das melhores técnicas de produção leiteira para a região.

Além da atuação da Cooplim, uma governança do leite do Coração do Cerrado que possa trazer para a conversa os produtores de Coromandel e Abadia dos Dourados, em prol do leite do coração do cerrado, é muito estratégico, uma vez que essas duas cidades produziram, conjuntamente, 60% de todo o leito do Coração do Cerrado em 2020.

Queijo

Segundo dados da EMATER diariamente 11 toneladas de queijo saem da região do Coração do Cerrado para serem vendidos em São Paulo. Isso corresponde a 15% da produção do leite da região.

Quase a totalidade dos produtores de queijo são pequenos produtores, que não têm capacidade para adequar às regras do MAPA para a comercialização formalizada do queijo. Portanto, essa alta quantidade de queijo produzida na região é vendida com uma margem muito baixa, o que não permite realizar uma boa renda para os produtores.

Ao mesmo tempo, têm nascido queijos de alta qualidade na região, como o queijo Falcão em Douradoquara, o queijo Carrancas e Santa Clara Dourada de Abadia dos Dourados, e o queijo Luana, de Monte Carmelo. Todos estes com premiações em concursos importantes.

A relevância da produção de queijo na região, com 11 toneladas / dia, demanda uma comissão própria do queijo entre as ações do Coração do Cerrado. O aprimoramento da qualidade do valor agregado do queijo da região significa melhoria da qualidade de vida para vários produtores artesanais de queijo. Ainda, um queijo próprio que tenha a marca do Coração do Cerrado é fundamental para o fortalecimento da marca da região.

Diagnóstico da Cadeia de Valor da Lavoura Branca (Milho e Soja)

A cultura agropecuária de maior valor bruto na agricultura do Coração do Cerrado é a soja, com um valor bruto da produção alcançando R$ 733 milhões em 2020, em uma área plantada de 140.850 hectares. Em termos de área plantada, a soja representa 4 vezes a área plantada do café. A lavoura de soja, por ser provisória, é aproveitada para o plantio do milho e de legumes, como cebola e batata. Isso explica o valor total da produção da lavoura sazonal na região ser de R$ 1,61 bilhões em 2020.

O maior produtor de soja e milho é Coromandel, seguindo de Nova Ponte e Indianópolis.

Tradicionalmente, a lavoura da soja é ainda mais dissociada da sociedade do que a lavoura do café. A grande produtividade e alto valor dessa lavoura tem um baixo impacto na sociedade, relativamente à alta renda gerada pela atividade.

Contudo, essa lavoura já passa por certificações para exportação, e deverá, cada vez mais, estar adequada às questões de ESG mundiais. — A experiência do desenvolvimento do sistema local de inovação a partir do café pode ser replicada, no futuro, após a sua maturação, na cadeia de valor da lavoura da soja.

Diagnóstico da Cadeia de Valor da Mineração de Diamante

A mineração do diamante é o início da história do Coração do Cerrado. A mineração em Bagagem, hoje Estrela do Sul, e em Coromandel, iniciou a história da região. Apenas Indianópolis e Nova Ponte não têm sua história estreitamente ligadas à Bagagem ou à Coromandel.

Há registros de que Bagagem alcançou o número de 60 mil habitantes no século XIX, durante a alta da exploração do diamante. Das nove cidades do Coração do Cerrado com história ligadas à mineração, apenas Coromandel, com sua larga história de mineração do diamante, não foi um dia distrito de Bagagem.

Em Coromandel, onde 15 dos 20 maiores diamantes brasileiros foram encontrados, há um forte desejo da volta do garimpo do diamante. A mineração do diamante foi um dos assuntos mais abordados no encontro entre os steakeholders locais da cidade..

Há um forte desejo de uma retomada das atividades mineradoras, que ainda necessita de regulação e autorização pelo DNPM.

A título de atendimento dos stakeholders locais, é importante que o Coração do Cerrado tenha uma comissão de desenvolvimento do garimpo de diamantes do Século 21 na região. Esse é um grande desejo da cidade de Coromandel, e está diretamente ligado à história da região.

São necessários esforços conjuntos da região aos órgão reguladores mineradores e ambientais. As questões ambientais precisam ser totalmente atendidas. É importante entender que a questão do garimpo é uma questão central nas discussões de ESG atualmente. É notório o problema envolvendo o garimpo de ouro no Rio Madeira, com repercussão mundial, o que exige que uma atividade mineradora séria tenha diretrizes ambientais suficientes para não causar danos ambientais.

Contudo, o pedido para a população minerar deve ser olhado com atenção, por ser o próprio patrimônio histórico das cidades diamantíferas. Ainda, pode ser buscada uma melhor forma de se desenvolver uma mineração do século 21 para a região, em que não apenas a questão ambiental estará satisfeita, quanto o acesso da população e a distribuição da renda do diamante para projetos sociais e melhoria de vida da população.

Diagnóstico da Cadeia de Valor da Fabricação de Telhas e Cerâmica

Monte Carmelo já foi o maior polo produtor do Brasil de telhas de cerâmica vermelhas. Porém, após novas normas ambientais para a mineração de argila, a produção regional teve significativa diminuição.

A mineração de argila nos leitos dos rios não estavam alinhadas às novas diretrizes ambientais para este setor da mineração, que passou por pesadas revisões de regulação ambiental nos últimos anos.

Porém, apesar de a atividade hoje ser uma fração do que já foi a alguns anos atrás, a produção de telhas e tijolos ainda é muito importante na região, respondendo por 9,7% dos empregos formais em Monte Carmelo, e por 25% dos empregos formais em Abadia dos Dourados.

Tabela 10 – Emprego no Setor de Telhas e Cerâmica

 Monte CarmeloAbadia dos Dourados
Número de Empregos totais8.7311.577
Número de Empregos Metalurgia de Minerais Não-Metálicos848394
Número Atual Empresas Cerâmica86
Participação da Metalurgia de Minerais Não-Metálicos no Emprego Municipal9,7%25,0%

Fonte: CAGED, 2019

Uma interessante experiência de inovação tem ocorrido neste setor, que pode ser utilizada como benchmark e difundida para os demais setores locais. Segundo Kleiber Cortes, vice-prefeito de Monte Carmelo e atuante no setor de fabricação de telhas, a atuação do professor Paulo Victor, da UNIFUCAMP no setor “mudou a sua vida, e a vida dos outro produtores de telhas, ao melhorar de forma considerável a qualidade das telhas da região”.

Foi o realizado o movimento clássico de inovação nos produtos e na produção industrial, ao se ouvir todos da linha de produção, conhecer os gargalos e pontos de melhorias, levando à melhoria do processo de produção e de produtos.

O laboratório de telhas continua ativo e buscando mais aprimoramentos para o setor.

Há várias oportunidades que podem ser criadas, em que se pode haver um estreitamento com as universidades: Desenvolvimento de Branding, Market Digital, Diferenciação e Criação de Novas Linhas de Produtos, Novos Canais Comerciais e Novas Estratégias Comerciais.

É estratégico uma comissão da fabricação de telha no planejamento do Coração do Cerrado, não apenas para o impulso do setor, individualmente, mas, principalmente, para a continuidade de uma ação sólida e sistêmica de inovação neste setor, que pode ser replicada nos demais setores da região.

A cadeia de valor desse setor já está madura o suficiente para causar movimentos de inovação que podem servir de exemplo para os demais setores do Coração do Cerrado, sejam agropecuários, indústria de alimentos, comércio, e serviços.

Diagnóstico da Cadeia de Valor da Energia Solar

Segundo a CEMIG, a microrregião de Patrocínio está entre as 6 melhores regiões para aproveitamento de energia solar no Estado de Minas Gerais. A Região do Coração do Cerrado, que em grande parte está inserida nessa microrregião, tem recebido vários projetos de geração de energia solar.

Segundo os atores locais, há todo um fluxo de projetos de geração solar, que estão em níveis de projetos, construção, e operação. Dr. Paulo Cardoso, presidente da Cooplim, está apostando na energia solar como a maior impulsionadora da economia de Iraí de Minas. Desde que Dr. Paulo Cardoso assistiu à palestra do Dr. Luiz Alberto Garcia, presidente do conselho da Algar Telecom, em que o último indicou que a região seria a nova fronteira de desenvolvimento de geração de energia solar, Dr. Paulo Cardoso passou a investir e a fomentar o desenvolvimento da atividade na região.

Importantes Projetos de Geração Solar têm sido construídos e planejados em Iraí de Minas, Coromandel, Monte Carmelo e Indianópolis.

Outro player importante nessa cadeia de valor é a SOLMINAS que tem desenvolvido e instalados projetos residenciais, rurais e industriais na região.

Com o crescente desenvolvimento da cadeia de valor da geração solar, alguns produtores de café têm instalado painéis fotovoltaicos para suprir a energia na irrigação. A distribuição de energia em zona rural é um gargalo relevante na agricultura mecanizada, e o aprimoramento do uso da energia solar na zona rural pode beneficiar os produtores, como também, diminuir o custo de energia elétrica na mecanização.

O setor de energia solar é um outro setor intensivo em capital, grande gerador de renda, mas que impacta pouco a cadeia de valor da região. Os materiais de manutenção e os engenheiros e técnicos para O&M das usinas geralmente vêm de centros onde a atividade de engenharia elétrica e de técnico eletricistas já estão desenvolvidas.

Contudo, no movimento aglutinador de planejamento e criação de oportunidades do Coração do Cerado, é possível transformar essa cadeia de valor nascente na região, formando técnicos eletricistas nas cidades do Coração do Cerrado, e atraindo empresas fornecedoras de serviços de O&M para a energia solar se instalarem na região.

Esse adensamento da cadeia de valor do O&M de geração de energia elétrica é impulsionador de melhores empregos, gerando mais renda para a população da região. Um esforço de desenvolvimento e de formação dessa cadeia é possível a partir da participação do SENAI-MG para a formação de técnicos eletricistas, e de empresários locais investindo na criação de empresas de O&M , em parcerias com os investidores locais das usinas solares da locais.

Diagnóstico da Cadeia de Valor de Celulose

Em 2022 entrará em operação a maior fábrica de celulose líquida do mundo, a LD Celulose, em Indianópolis.

Essa cadeia de valor é desenvolvida integralmente pela própria LD Celulose, que realiza esse desenvolvimento dentro de práticas de classe mundial, com seu alto investimento em produção. Um resultado disso, é o alto PIB agropecuário de Estrela do SUL, maior de toda a região, em função de o faturamento das florestas de eucalipto serem referentes ao município de Estrela do Sul, segundo o escritório da EMATER de Estela do Sul.

A cadeia de valor da Celulose está aqui destacada não para se pensar em meios de se desenvolver essa cadeia na região, o que é desnecessário.

Esta cadeia está aqui destacada como uma indicação para se buscar a LD Celulose para as ações do Coração do Cerrado.

A LD Celulose será o maior gerador de PIB individual da região, a partir do início de sua operação. Em um mundo onde as ações de ESG estão cada vez mais necessárias, é possível trazer a multinacional para a mesa do Coração do Cerrado e pensar em ações sociais e de governança local em que a LD Celulose apoio o desenvolvimento do Coração do Cerrado.

Esse movimento de convite de participação da LD Celulose deve ser estratégico, e ocorrer após uma maior institucionalização da governança e das ações do Coração do Cerrado. É uma possibilidade, um esforço de trazer o grande player econômico local para as ações da região.

Adicionalmente, a estratégia de se trazer a LD Celulose como apoiadora das ações do Coração do Cerrado pode ser prototipada com outros player industriais, como o laticínio Piracanjuba, por exemplo, em ações sociais e de governança da região.

Diagnóstico da Cadeia de Valor do Comércio

O setor de serviços responde por 33% do PIB do Coração do Cerrado. Destes, 41% do PIB de serviços do Monte Carmelo é gerado na cidade de Monte Carmelo, e 23% na cidade de Coromandel.

O emprego no setor do comércio representou em 2019 32,2% do emprego total do município de Monte Carmelo, e 25,4% do emprego total do município de Coromandel, segundo o CAGED.

O diagnóstico com os stakeholders do comércio demonstrou que há uma insatisfação dos empresários do setor. Há uma concorrência existente com o comércio da cidade de Uberlândia, que tem o comércio muito mais desenvolvido, com shoppings e marcas que estão naturalmente presentes no segundo maior PIB municipal de Minas Gerais.

Para um empuxo no comércio de Monte Carmelo e Coromandel, como em todo o comércio do Coração do Cerrado, é necessário um esforço de educação empreendedora e de inovação, que possa aprimorar no comércio local os atributos de Branding, Marketing Digital, Proposta de Valor, Experiência do Usuário, Diferenciação de Produtos, Presença On-line, e Engajamento com a Comunidade.

O empuxo empreendedor e de inovação do comércio da região pode ser o primeiro projeto sistematizado do INOVACCER, o Centro de Inovação do Coração do Cerrado, situado na UNIFUCAMP.

Para tal, é necessária uma forte capacitação dos próprios professores da UNIFUCAMP nas disciplinas mais contemporâneas de empreendedorismo e inovação. Antes de se capacitar os comerciantes da região, é necessário capacitar os professores da região.

O que, aparentemente, é a vontade dos professores da UNIFUCAMP ligados ao INOVACCER, Paulo Victor e Simone Teles. Com a liderança destes dois professores, e a liderança e participação de outros professores que possam integrar o movimento de inovação, é possível criar o vetor necessário de capacidade em inovação de negócios na região, e ser transmitida para o comércio local. Para tal, é necessário o desenho do modelo de governança tanto da capacitação dos professores, quanto de movimentos para a comunidade do comércio da cidade, como ciclos de capacitação e aprendizado, hackatons, desafios para os estudantes e empresas, concursos entre alunos e comércio local, por exemplo.

A esse esforço, é imprescindível o papel do Sebrae com seus conhecimentos e metodologias. Ainda, outro player importante do comércio local, que, apesar de pequeno, está agitando a comunidade empreendedora da cidade, é a escola de inglês ICBEU, que promoveu o primeiro encontro da Mulher Empreendedora.

A comunidade de empreendedorismo e inovação em Monte Carmelo já deu seu pontapé inicial. A título de Coração do Cerrado, é necessário que à essa comunidade, seja possibilitado o acesso dos empreendedores de outras cidades. Seja por capacitação on-line, seja por realização de eventos em outras cidades, ou convites de participação e de destaques dos empreendedores das demais cidades.

Diagnóstico da Cadeia de Valor de Pequenos Produtores Rurais

A produção da agricultura familiar é largamente presente do Coração do Cerrado. Está presente no café, no leite, na pimenta, tomates, e outros alimentos.

Destes, há um destaque para a produção de pimenta, seja para atender a demanda das fábricas de temperos em Estrela do Sul e Monte Carmelo, seja para a venda artesanal.

A pimenta é um produto com potencial para ser um dos produtos característicos do Coração do Cerrado, onde a marca da região pode valorizar a pimenta local, e a pimenta ser um dos patrimônios entre as culturas da região.

Pitaia

Uma outra produção que ainda está incipiente, mas com potencial de ser símbolo do Coração do Cerrado é a pitaia. A pitaia está sendo produzida em Douradoquara para a produção de geléias. Por ser uma fruta exótica, característica do cerrado, e, que pode ser tomada como um formato de um coração, a pitaia pode carregar o potencial de ser considera uma fruta símbolo do Coração do Cerrado.

Uma pequena produção, mas que pode ser importante para o desenvolvimento do agronegócio e da inovação do Coração do Cerrado é o cultivo de orgânicos por Rafaela Borges em Grupiara. A produção de orgânicos é realizada com alta tecnologia na produção, e é totalmente rastreável. A produção rural fornece supermercados em Uberlândia, e hoje a demanda pelos seus produtos é maior do que a sua capacidade de produção

Rafaela Borges tem o potencial de ser uma pessoa chave no Coração do Cerrado. Rafaela é doutora em fitopatologia, e tem publicações e pesquisas em conjunto com a Embrapa, onde tem amplo trânsito. Possui uma empresa de consultoria agrícola e florestal, a Ceres Agroflor, e que está atualizada com o mais moderno da tecnologia agro no Brasil, além de ter vasto conhecimento em fitologia. Ainda, possui um forte perfil empreendedor.

Rafaela pode ser uma pessoa central para o desenvolvimento das ações de desenvolvimento do sistema local de inovação e interação entre empresa universidades e produtores rurais, por possuir tanto o conhecimento científico e tecnológico, quanto o conhecimento e perfil empreendedor. Hoje, Rafaela reside em Brasília. Mas a sua inserção nas lideranças e na governança do Coração do Cerrado tem o potencial de acelerar o desenvolvimento produtivo, técnico, inovador e da capacidade do agronegócio da região.

Como, por exemplo, a Ceres Agroflor está em negociações para representar um produto mexicano que teria o potencial de proteger as árvores de café das geadas, sem danificar a produção, e sem causar impedimentos à certificação Rain Forest Alliance.

Ainda em Grupiara, está nascendo uma produção de uva do cerrado. As participantes do programa LÍDER residentes na cidade, Eliana e Maria Isabel têm forte intenção em produzir vinho a partir da lavoura das frutas.

Este é um desafio imenso. É necessário dois esforços: o primeiro, de se chegar na excelência do cultivo das uvas, e, o segundo, de se chegar na excelência da produção do vinho. É um projeto para no mínimo dez anos de desenvolvimento. — Contudo, uma região que quer se tornar reconhecida pela inovação não pode se apequenar diante

dos desafios. Se realmente houver o comprometimento da cidade de Grupiara em se produzir o vinho, a governança do Coração do Cerrado pode apoiar este desenvolvimento, e buscar atores, apoios, fomento e consultorias para o desenvolvimento do vinho do Coração do Cerrado.

Se, em conjunto com o queijo, e o café, houver o vinho do Coração do Cerrado, isso significa uma forte valorização da marca da região.

— A decisão em se criar uma comissão de desenvolvimento do vinho será levada aos participantes do workshop de revisão do Planejamento Estratégico do Coração do Cerrado.

Diagnóstico da Cadeia de Valor da Universidade, Ensino e Pesquisa

Unifucamp

Nas entrevistas com os stakeholders locais, a mesma frase fora repetida várias vezes: “ a UNIFUCAMP mudou a vida de Monte Carmelo”. Esta frase era citada ao mesmo tempo em tom de reconhecimento e de agradecimento, evidenciando a importância da universidade para a história da região.

Com o início das atividades em 2000, a UNIFUCAMP significou a melhoria da educação e das capacidades da população, oferencendo acesso à educação superior, inédita para grande parte da população. Até 21 anos atrás, os carmelitanos necessitavam sair de Monte Carmelo para cursar o ensino superior.

A inauguração da UNIFUCAMP distribui a formação de competências profissionais na região. Hoje, monte Carmelo é a 20ª cidade no ranking ISDEL-SEBRAE de desenvolvimento local, e isto não seria possível sem a atuação da UNIFUCAMP.

Na capacidade de articulação e de lançamento de projetos, a UNIFUCAMP é o coração do Coração do Cerrado, com o seu reitor, professor Guilherme Marcos Gheli sendo o presidente da ADECCER.

Entender os cursos ofertados, e a capacidade de pesquisas da UNIFUCAMP é fundamental para o desenvolvimento do Sistema Local de Inovação do Coração do Cerrado:

GRADUAÇÃO UNIFUCAMPPÓS-GRADUAÇÃO UNIFUCAMP
ADMINISTRAÇÃOADMINISTRAÇÃO, E ORIENTAÇÃO ESCOLAR
CIÊNCIAS BIOLÓGICASCAFEICULTURA
DIREITODIREITO MUNICIPAL
EDUCAÇÃO FÍSICAEDUCAÇÃO ESPECIAL
ENGENHARIA AGRONÔMICAEMPREENDEDORISMO E TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
ENGENHARIA CIVILFERTILIDADE DO SOLO E NUTRIÇÃO DE PLANTAS
FISIOTERAPIAGESTÃO DA SAÚDE PÚBLICA
LETRASGESTÃO, PERÍCIA E AUDITORIA AMBIENTAL
MEDICINA VETERINÁRIAIRRIGAÇÃO E GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS
PEDAGOGIAMBA EM GESTÃO FINANCEIRA, CONTROLADORIA E AUDITORIA
PSICOLOGIAMBA EM GERENCIAMENTO DE OBRAS E TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO
SISTEMAS PARA A INTERNETPSICOLOGIA CLÍNICA
 SEGURANÇA DO TRABALHO

É muito vasta a carteira de cursos de uma universidade para uma cidade de 48 mil habitantes, evidenciando o grande esforço da instituição para a educação e desenvolvimento da cidade.

A nível de formação do Sistema Local de Inovação do Coração do Cerrado, os cursos que contribuem na formação deste sistema são, na graduação: Administração, Engenharia Agronômica, Medicina Veterinária e Sistemas para a Internet. Na graduação, os cursos que contribuem para o sistema local de inovação são: Cafeicultura, Empreendedorismo e Transformação Digital, Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas, e Irrigação e Gestão dos Recursos Hídricos.

Quanto aos cursos de TI, fundamental para a inovação atual, em que a transformação digital segue em curso cada vez mais exponencial, ficou evidente nas entrevistas com os professores, que ainda não há a solidez ideal dessa disciplina na UNIFUCAMP. Em termos de Ciências da Computação e de Sistemas de Internet essa solidez necessita de uma construção mais densa, com atração de profissionais com capacidade técnica nessa áreas.

Para questões de transformação digital ligadas ao marketing digital e à gestão ágil de projetos, essas disciplinas estão amplamente disponíveis em ótimos cursos on-lines, como na escola Conquer, na Perestroyka, e os próprios cursos do Sebrae. Nestas disciplinas são possíveis atualizações mais imediatas pelos professores locais.

Na UNIFUCAMP está instalado o INOVACCER, o Instituto de Inovação do Coração do Cerrado, que é marco para o empreendedorismo local. A instalação concreta do prédio do INOVACCER abre o imaginário de possibilidades de inovação para toda a região. Segundo os professores da UNIFUCAMP, o ânimo e o espírito dos alunos mudam ao entrar no prédio, que mostra as possibilidades da inovação e da colaboração.

O INOVACCER tem o papel de trazer os movimentos de inovação dos grandes centros para o Coração do Cerrado. Uma gestão e planejamento de ações do INOVACCER, com um gestor próprio, tem o poder de acelerar o desenvolvimento do tecido empreendedor e da capacidade dos negócios da região.

A definição de um gestor exclusivo do INOVACCER, diferente do gestor da ADECCER, tem o papel de realizar a aceleração do empreendedorismo e da inovação no tecido empresarial do Coração do Cerrado. A criação de uma agenda com eventos como o TechStar Startup Weekend, hacktons temáticos, ciclo de palestras e cursos, além de espaços abertos à serendipidades, são capazes de impulsionar a aceleração do empreendedorismo e inovação do tecido empresarial regional.

O esforço de desenvolvimento do comércio, citado na seção sobre essa atividade, pode ser o primeiro programa estruturado do Instituto de Inovação do Coração do Cerrado.

UFU – Monte Carmelo

A UFU campus em Monte Carmelo completou em 2021 dez anos de operação em Monte Carmelo. O campus tem uma infra-estrutura moderna, e conta com toda a governança e estrutura da UFU para poder desenvolver suas atividades na cidade. Isso dá para a UFU uma maior capacidade para a qualidade dos seus cursos, e da pesquisa desenvolvida na universidade.

Seus cursos atuais são:

GRADUAÇÃO UFU – MONTE CARMELOPÓS-GRADUAÇÃO UFU – MONTE CARMELO
AGRONOMIAAGRICULTURA E INFORMAÇÕES GEO- ESPACIAIS
ENGENHARIA DE AGRIMENSURA
ENGENHARIA FLORESTAL 
GEOLOGIA
SISTEMA DE INFORMAÇÃO

Todas as disciplinas da UFU-Monte Carmelo tem potencial de desenvolver o Sistema Local de Inovação do Coração do Cerrado.

Ainda, A UFU-Monte Carmelo desenvolve vários cursos de extensão para a sociedade, entre eles, o curso de programação para alunos do ensino fundamental e médio. Para se pensar em desenvolvimento de inovação em uma região, na segunda década do século 21, é necessário se pensar em desenvolvimento de capacidades de programação e informática. Isso já ocorre hoje na extensão da UFU-Monte Carmelo, mas pode ser ainda mais ampliado dentro do Planejamento Estratégico do Coração do Cerrado.

O desenho da integração entre as duas universidades no Sistema Local de Inovação do Coração do Cerrado é condição necessária para o verdadeiro desenvolvimento de inovação no Coração do Cerrado. Daquela inovação que ultrapassa o limite de manchetes, e gera verdadeiro aumento de renda, competitividade, e crescimento real para a região.

Diagnóstico da Cadeia de Valor do Turismo

Atualmente, a cadeia de valor do turismo no Coração do Cerrado se limita aos visitantes das festas de Nossa Senhora da Abadia em Romaria e Abadia dos Dourados.

Nos meses de agosto de cada ano, milhares de pessoas vão à estas duas cidades para celebrar a festa religiosa. É um forte movimento de visitantes que demonstra um potencial inicial do turismo que pode ser explorado ao longo de todo o ano, na região.

Atualmente, não há uma estrutura formal de turismo na região, com uma rede de pousadas, restaurantes e exploração do turismo e das atrações na região.

Contudo, o potencial de turismo do Coração do Cerrado é imenso. Há quatro elementos básicos que podem culminar na riqueza sistêmica do turismo na região:

  • História e cultura
  • Belezas Naturais
  • Religiosidade
  • “Terroir” e culturas do Coração do Cerrado

História do Coração do Cerrado

A região tem uma rica história que cerca a mineração do Diamante em Bagagem, hoje Estrela do Sul, e em Coromandel. O diamante iniciou a história da região, onde estas duas cidades são dois dos polos diamantíferos mais importantes de Minas Gerais.

O acervo do patrimônio histórico dessas duas cidades trazem elementos importantes para caracterizar a região do Coração do Cerrado. Uma investigação profunda da história e da interligação de todos os municípios, unindo o passado e o presente da região , tem o potencial de oferecer a fotografia da real identidade do Coração do Cerrado.

Estrela do Sul e Coromandel, a exemplo do que acontece com as cidades históricas mineradora, como Ouro Preto e Diamantina, têm papel importante na cultura nacional. O romance “O Garimpeiro”, de Bernardo Guimarães se passa em Bagagem, onde o autor se hospedou para observar a atividade garimpeira e escrever a sua história. A icônica personagem histórica Dona Beija viveu e criou família em Estrela do Sul, até sua morte. Coromandel é a terra de Abel Ferreira, considerado o maior clarinetista brasileiro, que nasceu no início do século XX e aprendeu música ouvindo a orquestra filarmônica da sua cidade. Em Coramandel nasceu também Goiá, importante nome da musica sertaneja brasileira. Goiá aprendeu música com o maestro José Ferreira. Os dois expoentes musicais da cidade têm seu aprendizado a partir da cena da música erudita da cidade, o que mostra o potencial cultural musical presente em Coramandel. Em se tratando de cultura, é importante citar Mário Palmério, carmelitano que dá o nome para a UNIFUCAMP, e foi imortal da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira de Guimarães Rosa.

Na cultura popular estão presentes as festas do carro de boi, o Congado, a Folia de Reis, a festa das frutas do cerrado em Coromandel, e a festa da pamonha em Cascalho Rico.

Belezas naturais do Coração do Cerrado

No Coração do Cerrado há um alto número de belezas naturais. A região se encontra entre os rios Paranaíba e Araguari, em pontos que formam represas para a geração de usinas hidrelétricas. As partes norte e sul do Coração do Cerrado são banhadas por lagos de represas, com potencial turístico.

Atualmente, existem loteamentos e condomínios à beira dos lagos, que trazem semanalmente populações de outras cidades para a região. Em Cascalho Rico, estima- se que a população da cidade dobra a cada fim-de-semana. Os lagos não apenas compõem a beleza natural da região, como também, neles já estão presentes turistas potenciais para todo o Coração do Cerrado.

Em Coromandel, há mais de 100 cachoeiras catalogadas. Atualmente, a prefeitura está criando um aplicativo com a listagem e localização das cachoeiras. Nesta cidade está localizado o Poço Verde, famoso por suas águas verdes e o poço em formato de cratera. Goiá canta sobre este cartão postal da cidade. O Poço de Água Santa é um poço cristalino, semelhante aos poços de Bonito, no Mato Grosso do Sul.

Nos limites de Abadia dos Dourados e Douradoquara, há o paredão do Rio Dourado. Local com o potencial de práticas de esportes radicais, como tirolesas e rapel, além da apreciação da beleza do local. Em Douradoquara há a Cachoeira do Felipe. Monte Carmelo tem como atrativo natural para seus habitantes o Parque da Matinha.

Em Estrela do Sul há o Rio Bagagem, que está em processo de recuperação. Ainda, há vários córregos auxiliares e cachoeiras. Indianópolis e Nova Ponte completam o conjunto das cachoeiras da região, com as expressivas Cachoeira do Britador em Indianópolis, e a Cachoeira da Fumaça em Nova Ponte.

Ainda, há várias trilhas de Mountain Bike na região, com a presença de vários grupos que apreciam as belezas naturais do Coração do Cerrado nas duas rodas.

Todo este acervo de beleza natural da região pode ser explorado em um turismo sustentável. A catalogação das belezas naturais, a infraestrutura de visitas e de acessos, somadas às regras de preservação do meio ambiente, configuram um forte atrativo para a região. Que se soma aos outros atributos turísticos presentes.

Religiosidade do Coração do Cerrado

Há uma forte religiosidade no Coração do Cerrado. O Santuário de Nossa Senhora de Abadia em Romaria e Abadia dos Dourados recebem cerca de 500 mil fiéis por ano, o que representa quase 5 vezes a população da região. É muito forte e expressiva a festa de Nossa Senhora da Abadia, onde vários fiéis vão à pé, pela estrada, para Romaria, nas festas de Agosto. Padre Eustáquio, que foi beatificado e está em processo de canonização construiu o Santuário de Nossa Senhora de Abadia, estando intimamente ligado à história local.

Em Monte Carmelo há outra forte ligação mariana. A cidade leva este nome quando as freiras Carmelitas identificaram um monte na cidade que seria semelhante ao Monte Carmelo, em Israel. Por este motivo, a padroeira da cidade é Nossa Senhora do Carmo, e sua festa é em julho.

Outras cidades como Estrela do Sul e Coromandel têm importantes igrejas e festas marianas.

A força da religiosidade do local se demonstra também quando John Boyle, um dos principais missionários da igreja Presbiteriana no Brasil, elege Estrela do Sul como seu local do coração, onde está enterrado.

Os aspectos religiosos do Coração do Cerrado permitem alongar a experiência do turismo religioso no local para todo o ano, além das festas pontuais. Um trabalho que divulgue a região como um centro seja religioso, seja de aspectos de encontro com a espiritualidade, é possível, ligando a força religiosa da região com sua história, cultura, e belezas naturais.

“Terroir” e culturas agropecuárias do Coração do Cerrado

As culturas agropecuárias do Coração do Cerrado podem ser exploradas como potencial turístico, seja na apresentação da lavoura do café e do seu processo de torrefação local, seja na produção do queijo, da pimenta, ou das frutas do cerrado.

Explorar o terroir e a cultura agropecuária local é possível de duas formas:

  1. Marca do Coração do Cerrado identificado os produtos da região, em que os turistas podem adquirir e levar o Coração do Cerrado de volta para as suas localidades.
  2. Visitação das lavouras do café, da produção de queijo, entre outros, seguindo a recente tendência de turismo rural.

Síntese do Potencial Turístico do Coração do Cerrado

Aglutinando todos os elementos demonstrados anteriormente, é possível se pensar na criação do Circuito Coração do Cerrado. O benchmark para tal é o conhecido Circuito da Estrada Real, que integra em roteiros turísticos a história, a cultura e a beleza natural dos municípios da rota do ouro e do diamante, a partir de Diamantina e Outro Preto.

O Coração do Cerrado reúne elementos mineradores e culturais em um ambiente natural de Cerrado. É uma outra Minas Gerais que também vale a pena ser conhecida, além da parte mais central do estado. Aqui, no Coração do Cerrado, o bioma é, claro, o do Cerrado, e todas as suas belezas, riquezas, e peculiaridades que o cerrado proporciona. O bioma típico do Circuito da Estrada Real é o da Mata Atlântica.

Somados aos elementos históricos mineradores, culturais, e naturais da região, está o forte elemento religioso, com a presença de um santuário mariano, duas grandes festas marianas e outras festas marianas menores, além de uma representação carmelita.

Tudo isso pode ser sistematizado em um forte turismo religioso, com a criação, dentro do Circuito do Coração do Cerrado, dos Caminhos de Maria. Estes, seriam caminhos rurais dentro do Coração do Cerrado que chegam às diferentes Marias do Coração Cerrado, sendo a principal, mas não a única, a Maria presente no Santuário Nossa Senhora de Abadia. O benchmark para tal seria o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, que é uma rota de peregrinação onde pessoas do mundo todo saem à pé, à cavalo, ou de bicicleta, em um caminho de encontro consigo mesmo. No Brasil há caminhos semelhantes para a Abadia de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte, em São Paulo, o chamado Caminho da Fé. Atualmente, a cidade de São Tiago em Minas Gerais criou o seu caminho de São Tiago, em alusão ao caminho espanhol, pela semelhança do nome da cidade. O Coração do Cerrado reúne elementos religiosos mais originais e expressivos para se criar uma rota de peregrinação religiosa, ou de encontro espiritual, em Minas Gerais.

Em um momento pós-pandemia, em que o reencontro com o bem-estar e a espiritualidade se mostram importante para a população, um turismo que encontra com as belezas naturais e com as questões espirituais podem ser importante apelo de atração da região.

O Circuito do Coração do Cerrado, se estabelecido, teria o poder de dar ainda mais força para a marca do Coração do Cerrado, pela visibilidade e pela riqueza de elementos que tem o poder de sistematizar e de contar as ricas histórias da região.

O desenvolvimento do turismo do Coração do Cerrado é um planejamento estratégico à parte, mas com alto potencial de desenvolvimento para a região, seja por aumento de renda pela atividade do turismo, seja para destacar a região no mapa de Minas Gerais, e do Brasil.

Diagnóstico da Governança do Coração do Cerrado

A governança do Coração do Cerrado está hoje composta pela Associação para o Desenvolvimento do Coração do Cerrado (ADECCER) e pelo Consórcio Municipal Rides.

A ADECCER hoje está centralizada na figura do presidente, o Professor Guilherme Ghelli, e da assessora Adrielly. Com forte participação do RIDES, e da Prefeitura de Monte Carmelo, que é a prefeitura mais entusiasta da ADECCER e do movimento do Coração do Cerrado.

Realizar as ações que aqui estão diagnosticadas e sugeridas, que serão validadas no encontro dos líderes da região para a revisão do Planejamento Estratégico do Coração do Cerrado necessitará de um forte incremento na governança da ADECCER.

Para isto ocorrer, é necessário dinamizar as relações intermunicipais no Coração do Cerrado, com aumento do senso de pertencimento, participação, e, sobretudo, responsabilidade.

É pensada a possibilidade de se criar uma assembléia de representantes municipais, com dois representantes por municípios, para se acompanhar as ações do Coração do Cerrado a nível de região, e para cada cidade, a nível municipal.

Ainda, será sugerida o estabelecimento de uma comissão para cada ponto relevante a ser trabalho a partir da revisão do Planejamento Estratégico do Coração do Cerrado. O Objetivo é que as ações sejam levadas realmente adiante, sendo tiradas verdadeiramente do papel.

O indicativo de verdadeiro sucesso do Coração do Cerrado é um crescimento do PIB da região maior do que o PIB de Minas Gerais e do Brasil ao final dos próximos 10 anos. E para tal, é necessário que o planejamento estratégico se torne ações e resultados concretos.

No encontro com os líderes do Coração do Cerrado para a revisão do Planejamento Estratégico do Coração do Cerrado será realizada uma visão do Coração do Cerrado para 2030, com o estabelecimento das comissões.

Importante repetir que o sucesso do Coração do Cerrado também depende do fortalecimento da marca do Coração do Cerrado, em que cada habitante da região se identifique como habitante da região do Coração do Cerrado. Para tal, é necessário mais do que um esforço de marketing e divulgação da marca, mas sim, a percepção da população de que algo na região está mudando para ela, e, que, todos têm a ganhar com a identificação da região como Coração do Cerrado. A este esforço será importante acrescentar o entendimento de como a comunicação entre os atores será realizadas. Para o acompanhamento diário das ações, ferramentas virtuais como Trello, Slack, Miro, são preferíveis do que se pegar estradas e deslocamentos para a realização de reuniões de acompanhamentos.