Genealogia dos Municípios do Triângulo Mineiro

Na última década do século XVII, em 1693, Antônio Rodrigues Arzão encontrou ouro em Minas Gerais; em 1698, Antônio Dias  de Oliveira descobriu este metal em Ouro Preto; em 1700, Borba Gato encontrou ouro em Sabará.

Então começou a migração de portugueses para as terras das gerais, dando início às vilas, denominação dos povoados que tinham câmaras de vereadores naquela época.

  • Vila de Nossa Senhora do Carmo (hoje Mariana)
    Criada em 8 de abril de 1711
  • Vila Rica de Nossa Senhora do Pilar (hoje Ouro Preto)
    Criada em 8 de julho de 1711
  • Vila Real de Nossa Senhora da Conceição (hoje Sabará)
    Criada em 17 de julho de 1711

Outras Vilas foram sendo criadas, na medida que novas minas de ouro provocavam o surgimento de povoados de mineradores que precisavam ser controlados pelo Estado Português.

Na região que vamos estudar, a primeira vila foi instalada no dia 20 de outubro de 1798, sob o nome de Vila de Paracatu do Príncipe.

Em 1815 Paracatu recebeu a Comarca (juiz de primeiro grau), tendo sido anexados ao seu município, em 1816, os julgados (onde residia um juiz subordinado ao juiz da comarca) de Araxá e Desemboque, antes subordinados a Vila Boa de Goiás.

Em 1831, Araxá elevou sua campanha em município. A partir daí, o Sertão da Farinha Podre adquiriu autonomia política e administrativa, com sede em Araxá. Desde então, muitos povoados foram se formando, devido aos atrativos da região para os empresários daquele tempo.

Até 1816 a região estava subordinada a Vila Boa de Goiás, então passou ao controle de Paracatu mas, em 1831, Araxá se tornou município e assumiu a administração de todo o Sertão da Farinha Podre. Depois, os domínios de Araxá foram sendo fracionados para formar outros municípios.

Em 1836, Araxá perdeu território para formar o município de Uberaba. O limite foi determinado pelo rio Araguari.

Araxá ainda perdeu território, em 1840, para formar o município de Patrocínio.

Arraial de Nossa Senhora do Patrocínio, passagem de bandeiras, caravanas e tropas.

Em 1848, o município de Uberaba cedeu território para formar o município de Prata.

Em 1856, Patrocínio perdeu território para formar o município de Estrela do Sul (Bagagem), em região de intensa mineração e garimpo.

Em 1866, Patrocínio perdeu território para formar o município de Patos de Minas.

Em 1870, Araxá perdeu território para formar o município de Sacramento e Prata perdeu território para formar o município de Monte Alegre de Minas.

Em 1876, Araxá perdeu território para formar o município de Carmo do Paranaíba.

Em 1882, Estrela do Sul perdeu território para formar os municípios de Araguari e Monte Carmelo.

Em 1885, Uberaba perdeu território para formar o município de Frutal.

Em 1888, Uberaba perdeu território para formar o município de Uberlândia.

O século XIX terminou com 13 municípios ocupando todo o território do Triângulo Mineiro. Todos criados durante o Regime Imperial.

Destes, apenas Uberaba tinha recebido o título de cidade. Era o município mais populoso e mais desenvolvido, econômica e socialmente.

Desta cidade saíam os que iam fundar novas povoações por estes sertões afora.

Em 1901, já no Regime Republicano, Prata perde território para formar o município de Ituiutaba.

Em 1911, Monte Alegre de Minas perdeu território para formar o município de Tupaciguara e Sacramento perdeu território para formar o município de Conquista.

Em 1914, Carmo do Paranaíba perdeu território para formar o município de São Gotardo.

Em 1923, Araxá perdeu território para formar o município de Ibiá, São Gotardo para formar o município de Rio Paranaíba e Patrocínio para formar o município de Coromandel.

Em 1938, Uberaba perdeu território para formar os municípios de Conceição das Alagoas, Campo Florido e Veríssimo; Prata para forma o município de Campina Verde; Araguari para formar o município de Indianópolis; Araxá formar os municípios de Santa Juliana e Perdizes e Sacramento formar o município de Nova Ponte.

Em um século aquele grande território que tinha apenas o município de Araxá viu a formação de outros 27 municípios, o que demonstra o quanto a região atraía investidores, por conta da excelências de suas terras, de seu clima, da abundância de suas águas.

Junto com este aumento de população se verifica a qualidade das vias e meios de transporte, o interesse de imigrantes de todas as origens, os lucros advindos de todas as atividades econômicas empreendidas.

Em 1943,  Ibiá perdeu território para formar o município de Campos Altos.

Em 1948, Canápolis se desprendeu de Monte Alegre de Minas; Santa Vitória de Ituiutaba; Iturama de Campina Verde; Comendador Gomes e Itapagipe de Frutal; Cascalho Rico de Estrela do Sul; Abadia dos Dourados de Coromandel e Pratinha de Campos Altos. Oito municípios em um ano só.

Em 1953, São Gotardo perdeu território para formar o município de Matutina; Patrocínio para formar o município de Serra do Salitre; Uberaba para formar o município de Água Comprida; Conceição das Alagoas para formar o município de Pirajuba e Ituiutaba para formar o município de Capinópolis.

Em 1955, Canápolis perdeu território para formar o município de Centralina.

O ano de 1962 foi especial no tocante ao nascimento de novos municípios. Ao todo 17 foram instalados.

Provavelmente isso tenha a ver com o que ocorreu na década de 1950, quando se dá a corrida para o interior, por causa da construção de Brasília.

Muitas estradas foram abertas, muitos brasileiros migraram para o interior, a atividade econômica cresceu como antes não se viu.

No início da década seguinte muitos distritos estavam em condição de serem emancipados, e o foram.

Em 1962, Tapira se desprendeu de Sacramento; Pedrinópolis de Santa Juliana; Santa Rosa da Serra de São Gotardo; Arapuá de Rio Paranaíba; Cruzeiro da Fortaleza de Patrocínio; Lagoa Formosa e Guimarânea de Patos de Minas; Grupiara de Estrela do Sul; Douradoquara, Iraí de Minas e Romaria de Monte Carmelo; Fronteira e Planura de Frutal; São Francisco de Sales de Campina Verde; Cachoeira Dourada de Capinópolis e Ipiaçu e Gurinhatãde Ituiutaba.

Em 1992, Iturama perdeu território para formar os municípios de Carneirinho e Limeira D’Oeste e Tupaciguara para formar o município de Araporã.

Em 1995, Uberaba perdeu território para formar o município de Delta.

Em 1997, Iturama perdeu território para formar o município de União de Minas.

Esta “genealogia” é, naturalmente, uma brincadeira intelectual. Nasceu no momento em que a equipe do Arquivo Público de Uberaba estava tentando desenvolver um projeto, que recebeu o nome de Caiapônia, e para isto pesquisou sobre a história de cada município da região. O pesquisador teve a atenção atraída para as datas das leis que criaram os municípios e resolveu imaginar uma árvore genealógica. Foi apenas isso.

Creio que o mais importante é procurar conhecer melhor tudo o que nos envolve. Com esse estudo pode-se analisar a dinâmica da ocupação do espaço do Triângulo Mineiro pela população que hoje explora e vive nesta região de Minas Gerais.

Prof. Pedro Coutinho