Café

Uma segunda visão icônica desta região é o Café; a locomotiva impulsionadora do progresso de grande parte dos municípios do Coração do Cerrado.

Dessa forma, colocamos aqui seu histórico de cultivo em nossa região desde o princípio, com a ocorrência da geada em 1969, no Paraná, a safra 1970-1971, que estava estimada em 18 milhões de sacas ficou reduzida a 1,8 milhões, o que, foi agravado pelas secas de São Paulo, alterou substancialmente o potencial da produção.

A constatação da ferrugem nos cafeeiros em tradicionais regiões produtoras a partir de 1970, juntamente com a incidência de geadas, tornou mais evidente a necessidade de repensar a atividade, com vistas a elevar o nível da produção e incorporar novos sistemas de cultivo, no sentido de salvar a cafeicultura, que até então era responsável pelo principal produto de exportação do Brasil.

Foi então lançado o Plano de Renovação e Revigoramento de Cafezais (PRRC) executado de 1969/70 a 1979/80. Esse plano teve por objetivo retomar a produção do café a níveis de suprir a demanda, mas de forma moderna e racional, reocupando antigas áreas produtoras que tivessem menor incidência de geadas, e abrindo novas frentes mesmo que em terras de menor potencial de fertilidade, como o Cerrado de Minas Gerais, por meio de concessão de créditos subsidiados e assistência técnica que tinham por objetivos a produção de mudas, a formação de cafezais, a aquisição de fertilizantes defensivos, equipamentos e a melhoria da infraestrutura para o preparo do café.

Na matéria publicada pelo Jornal Correio de Uberlândia (26/08/1972) diz que: “O secretário da agricultura de Minas Gerais, Alysson Paulinelli, pediu ao IBC, a liberação de recursos para o início de um amplo Programa de plantio de café nos terrenos de cerrado do Triângulo Mineiro”. E ainda complementando dizendo que […] “o secretário estadual da agricultura Alysson Paulinelli, afirma que a decisão do IBC, de fazer estes investimentos no Cerrado de Minas Gerais capacita-a para se tornar a grande e definitiva alternativa para a cafeicultura brasileira”.

O desenvolvimento da cafeicultura nos cerrados do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba trouxe a valorização das terras e atraiu produtores de outras áreas do Brasil, tradicionais na cafeicultura de café, mas que passavam nesse momento por crises como a ferrugem, a incidência constantes de geadas e o empobrecimento do solo causado por erosões, tão prejudiciais à cultura do café. É o caso de tradicionais cafeicultores do Paraná e São Paulo, que descobriram no cerrado excelente espaço para desenvolver a cafeicultura, aliada a uma bem servida rede de transporte ferroviário e rodoviário, que pode escoar com eficiência os produtos, por meio dos corredores de exportação, implementados pelo Governo Federal.

A excelente qualidade que o café do cerrado vinha alcançando devia-se, basicamente, ao clima da região. Sem chuvas nas épocas de colheita e com o sol durante todas as etapas da germinação do fruto, o grão fica menos sujeito à fermentação. Este fator é fundamental para aumentar a qualidade da bebida.

No cerrado mineiro, as iniciativas de organização dos produtores ganham força com a fundação do Conselho das Associações de Cafeicultores do Cerrado Mineiro (Caccer) em 1992, com o objetivo de valorizar a cafeicultura da região que, posteriormente, em 2010, passou a denominar-se Federação dos Cafeicultores do Cerrado, que assumiu a responsabilidade pela articulação das ações estratégicas de comercialização da produção, por meio de um marketing que se consolidou mediante a construção de uma marca: Café do Cerrado, hoje denominada Café da Região do Cerrado Mineiro. Para tanto, além dessa estratégia comercial, que passou a ser direta, sem intermediários, há de se reconhecer o importante papel desempenhado por aquela organização no assessoramento técnico junto aos seus filiados.

A origem do movimento associativo, que levou à experiência inovadora, que teve seu início em 1986, quando foi fundada a primeira associação de cafeicultores do cerrado, no município de Araguari: a Associação dos Cafeicultores de Araguari (ACA). Posteriormente, ainda na década de 1980, foi fundada a Associação de Apoio aos Produtores Rurais da Região de São Gotardo (Assogotardo). Em 1990, foi criada, no município de Patrocínio, a Associação dos Cafeicultores da Região de Patrocínio (Acarpa); em 1991, foram instituídas a Associação dos Cafeicultores da região de Carmo do Paranaíba (Assocafé), a Associação dos Cafeicultores da região de Monte Carmelo (Amoca) e a Associação dos Cafeicultores de Coromandel (Assocoró). Nos anos 2000, foi criada a Associação dos Pequenos Produtores do Cerrado, cuja sede fica em Patrocínio e está filiada à Federação.

Um dos principais resultados da organização dos produtores de café no Cerrado Mineiro foi a conquista da demarcação geográfica de sua área que, inicialmente, registrou a marca Café do Cerrado para identificar a produção regional. Em 2011, essa marca foi mudada para adequar melhor à sua localização geográfica e passou a chamar-se Café da Região do Cerrado Mineiro.

A Federação dos Cafeicultores do Cerrado é a gestora e mantenedora da marca e tem estabelecido convênios com instituições nacionais e internacionais. Esses convênios têm como objetivo criar programas de capacitação para os cafeicultores do Cerrado, para atender as exigências de distintas certificações, além da concedida pela própria entidade, que representa oito associações e oito cooperativas filiadas à Federação.

O café produzido na região do Coração do Cerrado é internacionalmente conhecido e premiado. A Federação dos Cafeicultores do Cerrado promove o Prêmio Região do Cerrado Mineiro que celebra o reconhecimento e a conexão das pessoas com a produção efetiva do café, a safra e reconhecer os produtores dos melhores cafés da Denominação de Origem Região do Cerrado Mineiro.

Desde a sua primeira edição diversos produtores já tiveram seu trabalho reconhecido, entre eles, em sua maioria, produtores das cidades pertencentes ao Coração do Cerrado, estão entre os finalistas premiados.

Atualmente na Região do Cerrado Mineiro desenvolve uma das cafeiculturas mais modernas, com produtos diferenciados, com uma marca forte e certificação de origem, sendo considerado um dos melhores do mundo, conquistando os maiores e mais exigentes mercados consumidores como Estados Unidos, Alemanha, Itália, Japão e Turquia.

É um produto de suma importância para o crescimento e desenvolvimento desta região.

A produção cafeeira nas cidades que compõem o “Coração do Cerrado”; alcança índices extremamente representativos, que serão elencados a seguir.

O levantamento dos números adiante demonstrados é embasado no Censo Agropecuário 2017:

Estabelecimentos ProdutoresProdução (tonelada)Valor da ProduçãoÁrea colhida
79886.667tR$ 659.818.000,0035.762ha

Fonte: https://censos.ibge.gov.br/agro/2017

Não há de se falar, portanto de progresso desta região, sem trazer a imagem do Café do Cerrado.